quarta-feira, 1 de maio de 2019


“VOCÊ VALE OURO, TODO MEU TESOURO, TÃO FORMOSA DA CABEÇA AOS PÉS, VOU LHE AMANDO, LHE ADORANDO, DIGO MAIS UMA VEZ, AGRADEÇO A DEUS POR QUE LHE FEZ”: BETH CARVALHO, VAI NA LUZ PORQUE NO CÉU O MUNDO DOS VIOLÕES E CAVAQUINHOS TE ESPERA



A luz da sambista não apagou, foi apenas brilhar mais e mais lá em cima, para nos banhar melhor com sua voz. No Rio de Janeiro sua terra e do samba, Beth Carvalho, as 17h33 da última terça (30), morreu aos 72 anos. Desde o dia 8 de janeiro a cantora e compositora estava internada, por uma infecção generalizada, o que lhe causou a morte. Com mais de 5 décadas de carreiro a maioria a considerava a madrinha do samba.



Sucessos na voz da sambista nos embalaram e fizeram parte de nossa trilha sonora: “Andança”, “Vou Festejar”, “Coisinha do Pai”, “Saco de feijão”, “1800 colinas”, entre muitos, muitos outros.
Foram muitos os shows que a cantora fez, todos com sucesso garantido. Mas em 2018 fez o histórico show “Beth Carvalho encontra Fundo de Quintal – 40 anos de pé no chão”. Fez o espetáculo deitada em uma cama, já com a mobilidade bastante comprometida pelos sérios problemas de coluna. Como nos versos da canção de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes: “E é deitada, em pé, mulher tem é que trabalhar”.



Uma vez nos anos de 1980, Nara Leão estava na plateia de um show de Beth carvalho, a sambista sabendo disso fez questão de contar no palco que uma das maiores influencias para ela ser cantora foi ver a musa cantando no espetáculo Opinião. A canora dedicou seu disco “Beth” a Nara e na ocasião disse: “Sempre admirei. Como eu, Nara era uma menina da Zona Sul, Ipanema, que tocava violão. Foi uma mulher que saiu da bossa nova e foi fazer o espetáculo “Opinião”, com compositores do morro, num momento politico extremamente importante no país”.

Na foto acima Beth carvalho entre Dona Zica e Nara Leão.



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

A ENTREVISTA QUE NÃO FIZ QUE MAIS LAMENTO...



Morre aos 96 anos a Primeira Dama do Teatro Brasileiro, Abigail Izquierdo Ferreira, a querida Bibi Ferreira. Se foi nessa quarte feira de fevereiro em sua residência, no bairro do Flamengo na Zona Sul Carioca. Atriz, diretora, cantora, compositora e apresentadora, como se tudo isso não bastasse, filha do memorável Procópio Ferreira.



Acordou pela manhã normal, apenas se queixou de um pouco de falta de ar. A única filha de Bibi, Tina Ferreira, contou que a artista morreu no começo da tarde, acredita que a mãe morreu dormindo. A enfermeira que a acompanhava percebeu que o batimento cardíaco estava baixo e chamou um médico.


“Nunca pensei em parar, essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente. Fui muito feliz com minha carreira. Me orgulho muito de tudo que fiz. Obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo, a todos que me assistiram, a todos que me acompanharam por anos e anos. Muito obrigada!”. Há cinco meses atrás disse nas redes sociais quando anunciou sua retirada dos palcos.


O velório será no Teatro Municipal como informou a Secretaria Municipal, Bibi Ferreira deverá ser cremada. (Fotos: Divulgação)

sábado, 9 de fevereiro de 2019

NARA LEÃO NO II FESTIVAL DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA EM 1966

     Nara cantando a música "O homem". (foto internet)

Ao contrário do que muita gente pensa a musa nesse festival não cantou somente a música "A banda", que empatou no primeiro ligar com "Disparada", defendida por Jair Rodrigues. Também defendeu a canção "O Homem" de Milôr Fernandes.Nara não achou nada demais defender as duas músicas naque Festival, pois quando Chico ligou e disse para ela não lançar o disco "Manhã de Liberdade, pois já estava gravado com a canção de Chico, e a mesma tinha de ser inedita, ela já estava comprometida com Milôr.

       Milôr Fernandes (foto internet)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019


MORRE AOS 42 ANOS NO RIO DE JANEIRO O ATOR 
CAIO JUNQUEIRA


Fez novelas na Globo como "Barriga de Aluguel", "A viagem" e "Malhação" e  também na Record, além de muitos filmes entre os longas: "O que é isso companheiro", "Zuzu Angel", “Central do Brasil” e “Tropa de Elite”, onde interpretou o Aspirante Neto Golveia. O último trabalho foi na série ”Mecanismo” da Netflix. Desde o dia 16 desse janeiro, Caio após sofrer um acidente de carro no Aterro do Flamengo, brigava pela vida no hospital Miguel Couto. No sábado passado mesmo estando fortemente sedado abriu o olho e tentou se levantar causando espanto nos médicos. Faleceu hoje quarta (23). Fez parte de uma família de atores. o pai Fábio Junqueira faleceu no ano de 2000 aos 52 anos, e o irmão Jonas Torres, o “Bacana” de "Armação Ilimitada" é filho do primeiro casamento da mãe do ator falecido.


Fabio, Caio e Jonas.


Após subir no meio fio o carro capotou o ator ficou preso nas ferragens, foi socorrido e levado ao hospital ainda com vida.


Caio e Wagner Moura em cena do filme "Tropa de Elite".

Foto do ator quando participou do seriado "Armação ilimitada".

domingo, 14 de agosto de 2016

SHOW ASA BRANCA COM MARIA ALCINA NO CAIXA CULTURAL RECIFE

Ela é a Dona da Alegria  
     
Por Cássio Cavalcante/ Fotos: Angélica Souza


No início, pouca gente sabe disso, ela fazia a linha Nara Leão, com direito à franja e violão debaixo do braço, até registrou esse momento em uma foto no quintal de sua casa em Cataguases, interior mineiro. Mas a cidade natal onde pousou a moda da musa não tinha como acontecer artisticamente, foi para o Rio de Janeiro, como todo o início foi difícil, cantava em casas de show’s e no teatro de Revista com nomes como Leila Diniz. Mas o sucesso lhe veio na inesquecível era dos festivais, cantando a música de Jorge Ben Jor, “Fio Maravilha”. Quando se fala em grandes impactos visuais em nossa MPB, lembra-se logo no conjunto “Secos e Molhados”, mas quem não se admirou nos anos de 1970 com uma mulher cantando careca, ela lembra: "E eu era mulher e sozinha". Ousou, e fez isso quando era perigoso fazer.

Agora nos chega, pelo maravilhoso espaço Caixa Cultural Recife, sim, repito, maravilhoso, essa é a palavra. O show “Asa Branca” que teve sua estreia em 2012 nas comemorações dos cem anos do rei vaqueiro de nossa música Luiz Gonzaga. Já somam mais de 90 apresentações pelo Brasil afora. Nunca uma mineira vestiu-se tão bem com a alma nordestina.

Para começar a canção “Asa Branca”, só voz e sanfona, de arrepiar. Mas a interprete contando “Paraíba” de braços aberto, o palco é dela e também toda a música popular brasileira. Com uma luz bem feita na medida certa onde se faz o que tem que ser feito, realçar a estrela maior em movimento. Acompanhada de Olívio Filho no Acordeon, ele fez os arranjos, Leandro Brenner no violão sete cordas e Wander Prata Bateria, ela é a dona da festa não só canta e dança, mas nos convida a bailar com ela, e gostamos disso.

O repertório é uma galeria dos clássicos do filho de Januário, como uma apetitosa receita que expulsa os homens da cozinha em “Baião de Dois”. E aí tome forro com “Respeita Januário”, “Que nem Jiló”, “Sabiá”, “Xamego”, “Numa Sala de Reboco”.

Com “Olha Pro Céu”, nos embala e nos remete as nossas inesquecíveis festas juninas de uma infância que não existe mais. Mas com “Pagode Russo”, fica elétrica e nos contagia a todos de uma certeza plena de estarmos no lugar certo e na hora certa. Diante de tanta seriedade vocal o humor é um gostoso aperitivo a parte.

A idealização e direção artística de Fran Carlo foi certeira. A produção executiva de Petterson Mello eficiente e o técnico de som Leonardo Chain fez bem o seu trabalho. Aqui em Pernambuco a produção local foi da “Mulucum Produções” e assessoria “Zuela Comunicações”.

É daqueles show’s que quando termina, saímos com vontade de viver, pois nos passa a agradável sensação de que estamos vivos.









domingo, 24 de julho de 2016

CLAUFE RODRIGUES

O Poeta e o Jornalista em um só Corpo

Por Cássio Cavalcante/ Fotos: internet

A palavra é o elo que une esse ser seja no competente jornalismo que realiza ou na criativa poesia que produz. Claufe Rodrigues tem no universo das letras o seu mundo.


Em que momento da tua vida te veio a certeza de que você seria um jornalista?

Foi quando eu percebi que de poesia eu não conseguiria viver. Então veio a época do vestibular e, pesquisando as carreiras universitárias, vi que Jornalismo tinha currículo menos específico do que, por exemplo, Letras. Vi que me tornar um “especialista em assuntos gerais” – na feliz definição de Décio Pignatari – era o melhor caminho para viver de escrever.

Na tua profissão qual é a tua maior realização com a notícia?

Rapaz, já fiz tanta coisa... Programas, séries, especiais, documentários... Poderia citar a direção de um especial sobre o Riocentro para o Globo Repórter, pelo qual ganhei com a equipe o prêmio Wladimir Herzog, as séries documentais sobre Fernando Pessoa, Machado de Assis, Euclides da Cunha, todas as matérias sobre Jorge de Lima, as entrevistas com Eduardo Galeano, Pepetela, Vargas Llosa, António Lobo Antunes, José Saramago, Eugénio de Andrade e agora, na Flip, com Svetlana Alexiévitch. Teve ainda o Palavrão, primeiro programa da TV brasileira especialmente dedicada à poesia, enfim... Possivelmente estou esquecendo algo muito importante – sim! O especial que fiz no Benim sobre os retornados brasileiros, ex-escravos que retornaram à África.

Qual a tua opinião sobre o futuro do jornal impresso?

Acho que hoje tudo é uma grande novidade, mas, quando a poeira baixar, vamos ver o que vai ser varrido do mapa. Aliás, se fôssemos projetar hoje o futuro do próprio jornalismo, os prognósticos seriam péssimos. Mas creio que, passada a onda virtual, ganharemos novos suportes para o ofício, sem perder os que já existem.

 Em você o jornalista e o poeta são seres distintos, ou em algum momento essas duas escolhas se entrelaçam em sua vida?

Para mim é tudo junto e separado ao mesmo tempo. Sou um só ser que se manifesta através de várias formas de expressão. Cada uma delas demanda uma linguagem específica, que pode eventualmente ser transgredida. Mas o certo é que quando faço poesia, é poesia mesmo; quando escrevo matérias jornalísticas, evito o texto “poético”. Por outro lado, é inegável que o poeta e o jornalista se retroalimentam e me dão uma identidade única tanto numa como noutra função.

Você participou de muitos grupos como, Bandidos do Céu, Bazar do Baratos, Madame Suzi, Os Camaleões, Ver o Verso. Qual a importância desses grupos em tua jornada poética?

Ter um grupo de poesia era muito importante numa determinada época. Para mim, significavam a possibilidade de me lançar em bases firmes e abrangentes, sem me expor tanto, e de divulgar a poesia para um público bem maior.

Nessas três décadas dedicadas a poesia o que mais lhe realizou?

Não saberia dizer. Tenho onze livros, fiz uma enciclopédia sobre a poesia brasileira no século XX, organizei um sem-número de eventos literários, tive grupos importantes como Os Camaleões e o Ver o verso, ajudei um monte de gente a encontrar seus caminhos na poesia, conquistei muitos amigos, faço um programa sobre literatura, expandi as fronteiras da minha poesia para a prosa e a música e continuo em frente, querendo realizar cada vez mais.

Fala um pouco do programa que você apresenta, Palavrão Literatura, e quais os resultados obtidos com esse evento?

O Palavrão é um laboratório de arte, em que convidamos artistas de várias áreas (mas todos ligados ao livro e à literatura) e desenvolvemos nossas próprias habilidades, especialmente na música. Sobretudo, é um movimento de resistência à pobreza do lepo-lepo em que se tornou nosso meio cultural.

O que você ainda não fez como jornalista e como poeta, mas que pretende realizar?


Tudo: discos, livros de poesia, romances, shows, eventos, filmes... Você só não me verá nunca fazendo teatro ou artes plásticas – não tenho a menor habilidade nesses ofícios.




domingo, 17 de julho de 2016

TOQUINHO

Um estimado compositor e interprete de nossa música

Por Cássio Cavalcante/ Fotos: internet

Antonio Pecci Filho, no último dia seis de julho neste ano de 2016, fez 70 anos. Parceiro, amigo e irmão musical de um dos maiores poetas do mundo, Vinicíus de Moraes, diz "Aproveitei Vinicius até o fim", porque moravam juntos e estava no momento da morte do eterno parceiro. Cantor de uma carreira universal, faz sucesso nos quatro cantos do mundo. Suas canções nos remetem de imediato a importância de nossa MPB. O apelido foi dado pela mãe, começou cedo aos 14 anos já tinha aulas de violão com Paulinho Nogueira, e em 1970, compôs, com Jorge Bem Jor, seu primeiro grande sucesso, “Que Maravilha”. O papo de hoje é com o querido da Música popular Brasileira, Toquinho.


Toquinho, nessas suas viagens, você sente alguma variação de público de um lugar para outro?

Mais ou menos porque hoje tem uma abrangência grande de público por todo meu lado infantil, então tem umas gerações ai que deveriam estar com minhas músicas e estão porque cresceram com a música infantil e a música infantil puxa todo outro repertório então todas as gerações eu abranjo hoje. Desde os pequenos que cantam canções infantis até os que cresceram com essas canções que hoje tem 40, 45 anos. Imagine uma pessoa que tem 40 anos não viu Vinícius de Moraes cantar então você vê quanto tempo já passou “Aquarela” foi feita há 30, 31 anos, então você vê que tem uma geração toda que cresceu com minha música que taí hoje já adultos com filho e os filhos ouvindo as canções. Então tem uma coisa muito homogenia assim no Brasil é um público de toda idade mesmo não tem isso de pessoas mais velhas até as pessoas de meia idade. Por isso que te falei, e os filhos delas estão crescendo e acompanhando o meu repertório. Com internet hoje tudo fica mais fácil. Né?

Na sua carreira o que mais lhe marcou ao longo desses 50 anos?
 
Olha sempre defini minha carreira como estou fazendo hoje, você viu eu tocar aqui e ficaria tocando até a hora do show, isso é que faz a diferença, gosto de tocar eu gosto de cantar, gosto de tocar com músicos excelente como Proveta, como Anna Setton que é uma grande cantora. Sinto prazer nisso, não estou aqui como sacrifício. Estou aqui por prazer de tocar. Nem poderia, que dizer, estou quase de férias mas o Ronald é meu amigo, me convidou, é um lugar que eu nem faria em geral mas eu vim fazer por carinho mesmo e por vontade de tocar. Então trilhei minha vida fazendo o que eu quis, entendeu, e tem assim momentos de grandes públicos. Tive quatro momentos de grandes públicos um foi na Bahia, final de ano, no Farol da Barra quatrocentas mil pessoas, depois em Roma com trezentas e cinquenta mil pessoas,  na Vila Burguês lá em cima, agora no final do ano em São Paulo tinham dois milhões de pessoas na Paulista. São momentos que realmente marcam, assim né, de você ver aquele público todo na sua frente. Mas coisas assim negativas nenhuma. Eu me lembro só de coisas muito boas de parcerias de curtições assim como você está vendo a gente fazer aqui. Isso que estou fazendo com ele fazia com Vinícius. Fiz com Tom e com grandes artistas. Então minha vida foi trabalhada mesmo por momentos favoráveis, não tenho nada de ruim para falar e as coisas grandiosas foram a quantidade de público porque gosto de fazer show aqui, como num lugar para trinta, quarenta mil pessoas.

Você foi parceiro, mais do que isso, amigo de um dos maiores poetas do mudo, Vinícius de Moraes, entre as tuas parcerias com ele tem alguma predileta?

Sempre tem alguma né, ai tem muitas no lance. Como numa cor, tem vários tipos de azul, vários tipos de verdes. Tem uma que eu gosto muito de cantar “Tarde em Itapuã” é uma canção que fica nova sempre que a gente canta. É bonita, o músico gosta, o instrumentista exigente toca, a pessoa da família gosta. As gerações passam ou vem e ela tem uma magia. Outras como “Regra Três”, foi uma canção que marcou muito. Outras músicas que eu fiz com ele. Bom, o Vinicius foi um grande poeta uma pessoa fantástica e eu convivi com ele e fui um grande privilegiado. Tive muita sorte nesse sentido de conviver com ele de uma forma tão íntima e ter aproveitado isso de uma maneira tão honesta, tão direita e ficou muita coisa boa. Fizemos o que podemos fazer em dez anos de parceria foi um fecho maravilhoso. A morte dele encerrou uma parceria e foi tirada o máximo possível dela.

Vinicius de Moraes e toquinho

Outro nome da nossa música que você foi amigo, tocou com ela, foi Nara Leão. Eu queria que você contasse para a gente o que foi essa cantora para a Música Popular Brasileira? 

Nara Leão foi importantíssima para música brasileira. Foi talvez uma das interpretes mais importantes que nós tivemos. Ela foi muito bem orientada, sempre se cercou de pessoas importantes e pessoas que sabiam bastante. O Carlos Lyra foi um grande orientador dela. O próprio Vinícius, enfim, Edu Lobo, Dori Caymmi. Ela trouxe para música brasileira o morro, e isso não é brincadeira. Ela trouxe Zé Keti para a música brasileira. A Bossa Nova era um movimento preconceituoso, e ela era a musa da bossa porque tinha um radar.  Trouxe o Chico Buarque para a música, foi a primeira a gravar o Chico Buarque. Ela detectava as pessoas, gravou Sidney Miller, Paulinho da Viola. Trouxe o show “Opinião”, o “Pobre menina rica”, que ela fez com Carlos Lyra, Foi talvez a cantora mais importante da música brasileira não no sentido técnico vocal mas no sentido de visão no comportamento musical ela trouxe as pessoas certas para a música brasileira e rompeu com os preconceitos que a Bossa nova tinha. Junto com Carlos Lyra. Nara teve essa importância enorme de detectar os valores que estavam surgindo emergentes e ter coragem de assumir esses valores então essa é a grande importância da Nara Leão.

Toquinho, Nara leão e Wilson Simonal

Você tem muitos sucessos. Acho que a Música Popular Brasileira tem em Toquinho um dos principais compositores e interpretes. Mas um sucesso teu que eu tenho a certeza que agrada de um ano a cem anos de idade, é “Aquarela”. Queria que você contasse para a gente como foi a história de “Aquarela”, como foi que ela surgiu?

“Aquarela” é um mistério, que musicalmente tem uma emoção nela que abrange tudo, a criatividade da criança, a emoção do adulto, o fatalismo da vida. Tudo de uma forma meio lúdica colocada na música, é um mistério. Teria tudo para não fazer sucesso, ela é longa tem uma letra enorme não tem refrão que as pessoas cantam. É só uma canção. Tem uma magia nela. Certos sucessos que a gente não pode explicar, esse é um deles. Depois que de feita, foi um grande sucesso na Itália eu não ia gravar no Brasil. Achei que não ia acontecer nada nessa música, acho que teve uma empatia com o público italiano. Quando gravei aqui ia colocar ela na última música do disco. Aí o pessoal do estúdio começou a chamar outras pessoas quando estava colocando voz, o pessoal ficou ouvindo no estúdio quando eu acabei de fazer, os caras falaram: “Meu Deus que musica é essa!”.  Falei: “Vocês gostaram?” Responderam: “Nossa! Essa música é linda”. Falei: “Mas que estranho, vocês gostaram mesmo”. Comecei a ver que ela tinha alguma coisa. Quando acabei, chamavam as pessoas para ouvir no estúdio. Vi que tinha uma força. O disco chamou “Aquarela” e foi uma surpresa para mim, o grande sucesso que  fez em todos os países. Agora eu repito para você, tem certos sucessos e certas coisas que acontecem com a arte que não tem muitas explicações “Aquarela”, é uma delas.

Disco "Aquarela".

Para terminar como é que você analisa a música popular brasileira hoje?

A Música Popular Brasileira é riquíssima, tem tudo, tem as coisas, todos os tipos de ritmo. Os compositores da minha geração tão aí heroicamente fazendo canções ainda cantando. Já com setenta anos de idade todos ai brilhando ainda: Gil, Caetano, Djavan, Chico Buarque, Paulinho da Viola. O próprio aqui que vos fala. A música brasileira é muito rica, minha geração foi muito forte e continua crescendo com todas influencias que tem do mundo todo. Com a internet tudo taí, viva. Principalmente fora do Brasil e a música brasileira  é rica, tem sertanejo bom, tem rock bom, tem MPB boa, tem sambista bom, tem axé bom e a gente tem que curtir tudo em cada momento no momento de cada gênero.